terça-feira, 30 de abril de 2013

Por que você não arruma namorado?

Você não entende como não começa um relacionamento, como não se apaixona novamente, como não muda de vida.
Reclama da ausência de opções. É bonita, inteligente, divertida.
Minha hipótese é que não abandonou o passado.
Mantém flertes com o ex indiferente, ou continua saindo com sujeito que jamais assumirá o romance.
Raciocina que, enquanto não vem o escolhido, o príncipe, pode se entreter com velhas paixões.
Mas todos pressentem quando uma mulher está enrolada, todos intuem o caso mal resolvido, e não se aproximam.
Não virá ninguém para espantar os corvos e dissolver essa atmosfera pesada de Prometeu.
É trabalho em vão soterrar o precipício. Mulher desinteressada é impossível.
Ninguém ousará quebrar o monopólio de sua dor.
Você cheira a encrenca, cheira fidelidade a um terceiro. Seus ouvidos estão lentos, sua boca paira em distante lugar, seus olhos se distraem seguidamente.
Não tem brilho na pele, porém tensão nos ombros.
Sua respiração é um poço de suspiros.
Vive ansiosa por notícias, por reatos, mensagens. Não presta atenção, não se entrega para as casualidades.
Quem enxerga fantasmas não vê os vivos.
Não dá para começar um novo amor sem abandonar os anteriores. Errada a regra que a gente somente esquece um amor antigo por um novo.
Está com o corpo fechado, costurado, mentindo que já não sofre mais com as cicatrizes.
Espera herança, não sai para trabalhar ternuras.
Mendiga retornos, não cria memória.
Sua nudez não responde ao pedido da curva. Nem balança com a música favorita.
Está tomada do carma, do veneno, do ressentimento.
Pensa que está bem, mas está em luto. Uma mulher em luto não permite arrebatamentos, afasta-se na primeira gentileza que receber, recusa a prosperidade das pálpebras piscando nos bares e restaurantes.
Você nunca vai encontrar seu namoro, seu casamento, sua paz, se não terminar de se arrepender.
É preciso guardar o máximo de ar, ir ao fundo, descer na tristeza e nadar para longe dela.
Não amará outro alguém sem solucionar pendências, sem recusar o homem que não a merece, o homem que não vai embora e tampouco fica.
Não amará outro alguém sem abandonar algumas horas de alívio em motéis.
Não amará outro alguém se não bloquear as recaídas, se insistir em ressuscitar as promessas.
Uma mulher nunca será inteira se mantém romances quebrados.
Nunca estará presente.
Nunca estará aqui.
Entenda, minha amiga, só ama quem está disposta a ser amada.

[Fabrício Carpinejar]

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Do perdão para os que odeiam por amor

ela - a que fui - não te perdoou.
: rasgou cartas, cartões,
quebrou presentes,
queimou as flores,
apagou mensagens, emails, número de telefone,
esmurrou paredes desejando que nelas estivesse seu rosto,
maldisse a tua honra, o teu trabalho, o teu deus, os poemas que te escreveu,
desejou que você nunca mais pudesse amar e ser feliz.
ela te odiou com muito amor.
...
hoje vi uma foto sua.
já não te reconheço. já não reconheço o desejo que me ligava a você. somos outros. não mais te odeio com aquela paixão de quando fui ela.
eu - a que sou hoje - não tem mais o que te perdoar.
porque não sobrou nada.
nem amor, nem ódio. nem saudade ou amizade.
ela - a que fui - já viveu tudo isso por mim.
ela não te perdoou. eu, por minha vez, a perdoei por tanta dor.

[Talita Prates]

Contente


Prazer!

Acordei em paz.
Sem exigir nada de mim, nem de ninguém.
Olhei o ontem e vi quanto dancei sem música
Me deu vontade, cantei.
E Bailei. Feito folha ao vento.
Exagerei.
Gosto de exageros.
Prazer em ME conhecer!

domingo, 28 de abril de 2013

Melodia do perdão

Da forma mais suave, mais branda e tranquila eu me perdoei. 
Perdoei a minha falta de jeito para lidar com as situações difíceis. Eu mereço este perdão por tudo que fiz e pelo que apenas consegui tentar e não realizar. 
Das glórias do meu passado eu comemoro, mas miro o olhar nos equívocos para dizer que me perdoo por eles. Não posso devolver acertos, por isso devolvo meu sincero perdão aos inevitáveis erros cometidos. Pelos meus destemperos nos momentos de decisão que eu, sem pensar tomei o rumo errado e que me trouxeram duras conseqüências, eu me perdoo. 
Ao exagero da minha consistência afetiva quando dei ao vento os carinhos desnecessários, eu uso sem medidas o meu perdão. Meu genuíno sentimento de perdão para os dias escuros e perdidos em mim mesma. Encaro com coragem todas as chuvas que me molharam, quando eu saí desprevenida, apressada ou sem pensar no tempo lá fora. 
Do tempo que perdi com as superficialidades, pensando que eram coisas frutíferas, 
Não atenuo minhas culpas e exatamente por isso que me perdoo. Adquiri esta capacidade de me perdoar, porque não há coisa melhor a fazer uma vez que a minha borracha não consegue apagar as marcas que ficaram. Não lamento, inclusive reconheço que a visão disforme que me entorpeceu o caminho de alguma coisa me serviu. 
Sou merecedora de perdão, aliás, sou agraciada pelas condutas atrapalhadas. Se eu pudesse errar, faria com menos intensidade. Se fosse para me perdoar, perdoaria mil vezes mais. Fui fundo, subtendendo felicidade e voltei sem nenhuma proibição do destino para dizer que falhei na tentativa de acertar. Nem amarguras colhi, porque concedi a mim o perdão, sem nenhuma petulância. Consegui o perdão pelas minhas insistências, prepotências, intolerâncias, contravenções, empurrões e exageros de insensatez que usei pelos pedágios da vida. 
Perdão representa o desapego aos erros que foram colocados nas aspas da minha existência e que algum tempo depois, registraram experiências e amadurecimentos. Depois disso, eu esparramei o perdão necessário e sugeri conter os ânimos, mas continuo vivendo livremente, sem nenhuma dor acumulada. 
Esta é uma gentileza que me faço, sem inibir meus passos. Aceito o meu perdão e recomendo mais cuidado, a mim mesma. Só assim sou capaz de retirar os fantasmas, que me serviram pra meter medo. 
Concedo o perdão pelos deslizes do pouco amor que não cumpriu muito bem o seu papel e lastimavelmente acabou. 
Também sou capaz de superar, retomando o percurso da vida pelo perdão. Hoje tanto o perdão, quanto os motivos que me levaram a gritar por ele, são os clássicos sintomas de todas as minhas aprendizagens. 
Facilito o meu desencanto pela obediência do perdão e continuo invocando-o por causa do meu estreito pensamento que me endureceu a alma. Perdão por isso também. Na verdade, eu também uso o perdão para me livrar do peso das coisas boas que não fui capaz de oferecer. Eu me perdoo e aprendo também. Perdoo-me pelos propósitos corretos que não tive a coragem de partilhar. 
Perdoo os meus acertos solitários porque fui egoísta e com isso atropelei outras pessoas no percurso. Teria sido mais correto convidar mais pessoas para esta parada e comemorar em conjunto as vitórias. Perdoo-me porque elas foram somente minhas.
Sem retardar meus sonhos e antecipando o meu futuro eu me perdoo pelos erros que irei cometer. Prometo errar infinitamente menos que errei, para não ter que invocar de novo e abusar do perdão.

Não sei você

Não sei você, mas eu leio Gabito,Pablo Neruda,Martha Medeiros, cuido da casa, trabalho em mil projetos ao mesmo tempo, escrevo meus direitos e desejos em cadernos para lembrar que de ilusão também se vive. Canto sem melodia e degusto a esperança de ninguém me fazer interrogatórios.

Inscrevo-me, dando uma importância danada nos pormenores dos relacionamentos. Faço figa para a sorte não me abandonar e vivo entre o extremo da loucura que me permite sonhar e a realidade que ajuda realizar.

Talvez você não me entenda. Não faz mal, nem eu mesma consigo compreender e até onde fui , transcrevi apenas algumas interpretações das fases que vivi, o restante eu vou levando. No mais eu tenho uma profunda devoção a tudo aquilo que me faz bem e nessa eu até acredito em alguns anjos, energia abençoada da natureza e no sagrado de todo humano. E nunca, nunca mesmo fechei a edição dos meus conhecimentos sobre o amor. Esse é o advento pelo qual tenho maior admiração, mesmo sabendo que ele anda demorando demais aparecer por aqui. Não quero viver desacreditando em algo tão bom, mesmo ele sendo hóspede passageiro no meu coração.

Confesso que busco muitas coisas e acho saudável esse projeto. Todavia meu foco maior é pela sobrevivência de atos felizes. Nem que seja para conservá-los na memória. Não sei sobre você, mas eu tenho uma coleção ideias e a maioria delas sem serventia. Tenho também uma safra de metas anotadas em um caderninho que esperam o dia seguinte para acontecer.  

Frequentemente divago, faço estorvo na minha paciência que é sempre apressada. Nessa aventura diária insinuo para a minha civilidade embora eu permaneça guardada em minha solidão. 

Sigo assim e não aceito a dureza e a escassez embora quase tudo que sonhei ainda não encontrou tempo para acontecer. Sinceramente apego-me ao contraponto da realidade afirmando que o amor é contravenção, loucura, tarja preta para realizar sonhos e a vida é apenas um aviso prévio, insinuando que a felicidade tem que ser pra hoje. 



[Palavras emprestadas de Ita Portugal]