terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

AQUALOVE



não pretendo um amor sólido
tendo em vista a grande possibilidade de um sólido se romper à menor mudança
de temperatura
de pressão.
pretendo um amor líquido
que se adapte a qualquer recipiente
e, sorvido em grande goles,
molhe os lábios
escorra pelo pescoço
e umedeça os países
ao sul do continente.
líquido, para que, aquecido,
evapore
suba ao céu
chova sobre mim
encharque o chão
e tire essa tal de segurança de debaixo dos meus pés
deixe lama entre meus dedos.
não pretendo um amor assim, concreto,
não pretendo um amor assim, rígido,
não pretendo um amor, assim, sólido
mas líquido
incerto
insólito.
e se uma frente fria vinda diretamente da Patagônia
torná-lo gelo,
frio,
pedra,
basta deixa-lo ligeiramente exposto ao seu olhar
que ele, regredindo a seu estado original,
volta a matar essa sede
amiga, inseparável, do sertão
de nós.

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