segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Tempo...preciso.

 O tempo passa. O fôlego retorna. Parece milagre, mas a semente da cura começa a florescer nos mesmos jardins onde parecia que outra flor não brotaria mais. A alma é sábia, enquanto achamos que só existe dor, ela trabalha em silêncio para tecer o momento novo. E ele chega. 

sábado, 30 de agosto de 2014

Fé, sempre...

 Nos momentos mais doídos da minha jornada até aqui eu nunca encontrei nenhum botão mágico, mas tive fé, tive gesto, e, felizmente, tive quem me amasse sem desistir de mim. 

terça-feira, 22 de julho de 2014

O tempo

 Na hora da saudade, da tristeza, do desamparo, é com ele que contamos: o tempo.
Queremos dormir e acordar dez anos depois curados daquela idéia fixa que se instalou no peito, aquela obsessão por alguém que já partiu de nossas vidas. No entanto, tudo o que nos invadiu com intensidade, tudo o que foi realmente verdadeiro e vivenciado profundamente não passa. Fica. Acomoda-se dentro da gente e de vez em quando cutuca, se mexe, nos faz lembrar da sua existência. O grande segredo é não se estressar com este inquilino incômodo, deixá-lo em paz no quartinho dos fundos e abrir espaço na casa para outros acontecimentos. 

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Sobre o que me consome

Sinto orgulho em saber
que meu passado me permitiu
ter mais sensibilidade.
Hoje me sinto menos tempestuosa e
mais, bem mais pronta, próxima de mim,
do que fui, do que sou, dessa pessoa
que o tempo me fez.
Hoje, sou mais compreensiva
diante desse futuro que me brinda
com gentil delicadeza.
Surpreendo-me quando
me pego espalhando flores
no caminho que cruzo.
Quem sabe essa não seja
a confirmação de que preciso continuar.
Acho que isso é o que me salva todos os dias.
É essa esperança de vida que me consome.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Não era amor


Não era amor, era o seu sorriso implorando pra virar poesia.

Era o desejo sem cura de ser só sua. Era a música que foi trilha dos momentos mais lindos que passei com você.
Não era amor, era uma saudade que nunca dormia, um beijo que demorava, um abraço com cheiro de paz.
Eram as mãos dadas, os olhares que diziam tudo, e a sua língua passeando em mim.
Não era amor, era um sentimento que ninguém podia mudar, nem substituir, nem significar.

Era adormecer ao seu lado, cabeça no seu peito, amanhecer nós dois.

Era a linha tênue entre o meu quadril e as suas vontades, entre a sua barba e as minhas coxas, entre a minha boca e o seu corpo inteiro.
Era dormir pensando, e acordar querendo ainda mais. Planejar momentos, passar o dia com você no pensamento.
Não era amor, era paz e desassossego.
Era te sentir perto, mesmo quando longe. Era o seu cheiro em mim.
Era a beleza de uma história sem rótulos e sem promessas, movida por um querer que jurei que não teria fim.
Era você renovando a minha fé no amor, mesmo depois de terem me dado tantos motivos pra desacreditar.

Não era amor. 

Ainda é. (mas acabou)

segunda-feira, 7 de abril de 2014

covarde!

Você foi covarde. Seu amor é forte, seu corpo é fraco. Você foi covarde como tantas vezes fui por acreditar que a coragem viria depois. A coragem não vem depois. A coragem vem antes ou não vem. Não posso amaldiçoar sua covardia. Sua boca não é rápida como suas pernas para me agarrar. Minhas pernas não são tão rápidas quanto minha boca para lhe impedir. Você foi covarde. Pela gentileza de sempre dizer sim, repetidos sim, quando não estava ouvindo. Já desfrutei de sua covardia, ríspido recusá-la agora porque não me favorece. Porque não fui escolhida. Não aquecerei seu prato para servi-lo.  Não partirei. Serei aquela que deveria ter sido, enterrada sem morrer, a que desapareceu permanecendo perto. Sou seu constrangimento mais alegre. Sua ferida, seu feriado. Com o tempo, serei sua vontade de se calar. De se retirar da sala. Não conhecerá meus hábitos de puxar o café antes de ficar pronto. De abrir as venezianas como quem procura reunir os chinelos ao vento. Você foi covarde, ninguém iria compreendê-lo. Hoje todos o compreendem, menos você mesmo. Você não se compreende depois disso. O que é imenso é estreito. O que é infinito fecha. Até o oceano tem becos e ruas sem saída. Até o oceano. Sua esperança não diminui a covardia. Quer um conselho? Finge que a dor que sente é a minha para entreter sua dor. Saudades ficam violentas quando mudamos de endereço. Saudades ficam insuportáveis quando mudamos de sentido.
Você confunde sacrifício com covardia. Compreendo. Eu confundo amor com loucura. Cada um tem seus motivos, sua maneira de se convencer que fez o melhor, fez o que podia. Você me avisou que não tinha escolha. Nunca teria escolha. Você foi educado com a vida, pediu licença, agradeceu os presentes. Confiou que a vida logo o entenderia. E cederia. Engoliu uma palavra para dormir. Não serei vizinha de seu sobrenome. Seus nomes esperam um único nome que ficou para trás. Você não desencarnou, não se encarnou, deixou sua carne parada nas leituras. Morrer é continuar o que não foi vivido. Vai me continuar sem saber. Você foi covarde. Com sua ternura pálida, seu medo de tudo, sua polidez em cumprir as promessas. Você não aprendeu a mentir. Tampouco aprendeu a dizer a verdade. O dia está escuro e não soprarei a luz ao seu lado. O dia está lento e não haverá movimento nas ruas. Você não revidou nenhuma das agressões, não revidará mais essa. Você foi covarde. A mais bela covardia de minha vida. A mais comovida. A mais sincera. A mais dolorida. O que me atormenta é que sou capaz de amar sua covardia. Foi o que restou de você em mim.




Pra ler ouvindo:


segunda-feira, 24 de março de 2014

decretado

‎"Não vou deixar que nenhum filósofo alemão com nome e temperatura de cerveja pilsen me impeça de gozar alheio à toda polêmica metafísica acerca do amor. Seja ele como for, complicado, fugaz ou platônico, fica decidido:vou me submeter, quantas vezes forem necessárias aos intempéries do amorazar do estrago que faz, do parco tempo que dura, se sobram poucas canções do Cazuza pra ouvir sem zunidos."

[Gabito Nunes]

terça-feira, 18 de março de 2014

Posso ser o que ninguém vê


Eles se assustam fácil comigo. Talvez porque eu queira me mostrar ao mundo mas não aparecer por inteiro. Se assustam por eu me decidir em 5 segundos e por achar que minha razão de existir é a música. É verdade. Mas eles se esquecem de que eu não fui feita pra pensar por mais que 5 minutos. Eles se assustam comigo porque eu tenho uma paciência invisível pra quem não gosta de mim, se assustam mais ainda por eu não ligar pra nada. Tipo, quando eu digo nada, é pra nada mesmo. Não ligo pra dor, não ligo pra ressurreição. E tenho dito. E quem quiser acreditar que acredite, mas eu realmente não preciso de mãos toda hora pra me ofertarem carinho, não preciso de um riso caloroso pra eu rir sozinha, não preciso de tantas mentiras pra me fazer ver o mundo como ele realmente é. Eles se assustam por eu acreditar tanto nas pessoas, se assustam por eu não gritar quando sinto dor. Se assustam por eu escrever com a alma, se assustam por eu não me assustar com nada. É tanta coisa, meu amigo, é tanta coisa que eles sabem de mim… Mas eles precisam saber, eles precisam saber que eu sou meu próprio escudo, que eu vivo fugindo de mim com medo de encontrar quem realmente sou, vivo enfrentando as armadilhas que eu mesmo criei. Pra mim, por mim. Se assustam por eu gostar de responder perguntas! E gosto mesmo, porque assim eu sei demonstrar quem eu sou, ou quem eu tento ser. Afinal, eu posso ser coisas que ninguém vê.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

cansei!

Cansei de quem gosta como se gostar fosse mais uma ferramenta de marketing. Gostar aos poucos, gostar analisando, gostar duas vezes por semana, gostar até as duas e dezoito. Cansei de gente que gosta como pensa que é certo gostar. Gostar é essa besta desenfreada mesmo. E não tem pensar. E arrepia o corpo inteiro, mas você não sabe se é defesa para recuar ou atacar. Eu eu gosto de você porque gostar não faz sentido.

Permita-se. Se você acha que no fundo mesmo, apesar de todas essas reuniões e palavras em inglês que só querem dizer que você não sabe o que está falando, o que importa é ter pra quem mostrar que saiu o arco-íris. Permita-se. Porque eu não quero que você tenha essa pressa ao ponto de ajudar com as próprias mãos. Eu quero que você sinta esse prazer que chega aos poucos. E mata tudo que há em volta. E explode os relógios. E chega aos poucos ainda que você ainda não saiba nem quem é pouco e nem quem é lento. Porque você morre. Se você prefere a vida quando se morre um pouco por alguém. permita-se.

Eu não faço a menor idéia de como esperar você me querer. porque se eu esperar, talvez eu não te queira mais.

Eu não queri ir embora e esperar o dia seguinte. porque cansei dessa gente que manda ter mais calma. E me diz que sempre tem outro dia. E me diz que eu não posso esperar nada de ninguém. E me diz que eu preciso de uma camisa de força. Se você puder sofrer comigo a loucura que é estar vivo. se você puder passar a noite em claro comigo de tanta vontade de viver esse dia sem esperar o outro, se você puder esquecer a camisa de força e me enrroscar no seu corpo para que duas forças loucas tragam algum aquilibrio. Se você puder ser alguém de quem se espera algo, afinal, é uma grande mentira viver sozinho, permita-se. Eu só queria alguém pra vencer comigo esses dias terrivelmente chatos.



*O texto é da Tati Bernardi, mas os sentimentos, são meus.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Transbordei

Se você soubesse a quantidade de coisas boas que eu sentia quando o seu cheiro e a sua mão estavam perto de mim. Era como se o mundo lá fora fosse um mero expectador da nossa vida aqui dentro. Lembra do nosso projeto de ontem? O agora. Viver - com tudo o que a gente podia - a inteireza do instante. Eu serenava ao teu lado. 

Se você soubesse o que acontecia quando o seu sorriso olhava pra mim. Era como se todas as estrelas encontrassem a mesma sintonia do brilho. Era como se todas elas resolvessem iluminar o nosso caminho e abençoar essa "coisa" bonita que a gente sentia um pelo outro. Sei, é que os momentos mais bonitos dessa passagem que uns chamam de Vida e outros de Sobrevivência, era ao teu lado que eu estava. Sendo quem eu gostaria.

Se você soubesse os territórios que eu percorri, os excessos que eu enxuguei, as culpas que eu assumi. Se você soubesse as tempestades que eu desdobrei, as manhãs nubladas e os finais de tarde no mais profundo ócio que eu me encontrei. E me desconheci inteiramente por isso: pelas fraquezas que passei a conhecer em mim e pela forma absurda que você cresceu aqui dentro. 

Se você soubesse os altos e baixos que passei, o quanto eu mudei, o quanto eu cresci mais mulher com a tua falta. Com as tuas ausências. Com os teus não-telefonemas, as tuas não-canções de amor, as tuas não-mensagens. E de como isso foi essencial para que eu chegasse aqui. Outra. Nova.

Se você soubesse o quanto eu transbordei ao escrever essas linhas. Mas você nunca saberá.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Embriagada

Por beber da tua saudade, meu corpo todo se embriagou, veneno silente feito de demoras.

encontro

As saudades me ensinaram a encontrar-te em tudo aquilo que renasce.


(Guilherme Antunes)

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014