domingo, 24 de maio de 2015

quando o amor me toca...

Desfaço-me dos falsos versos que não me descrevem, cada vez que rasgo o verbo. Refaço-me inteira quando a palavra me ressignifica, transformando meias verdades em verdades precisas. Sou prosa sem rascunho e sem esboço. Sou sentimento sem razão nenhuma. A inexatidão me define. A imensidão me delimita. Paraliso e emudeço, enquanto ainda sou passo percorrendo o caminho. E quando mergulho no breu da incerteza, não há sol que me ilumine; do mesmo jeito que acontece, quando a tempestade representa o meu estado de espírito. Sou por dentro e por fora o mesmo tempo. Há um mundaréu de (des)ilusões vagando pelos meus dias. Há o dobro de alegrias minando as minhas tristezas. Há quem diga que eu sou frágil demais, exagerada demais, mas eu digo que a minha força mora no meu excesso de sensibilidade. Sou a crença e a descrença. Sou a fé e a falta dela… Sou tanta coisa que pode não significar nada de concreto. Sou a simplicidade que pode ser definida em uma única palavra. Sou certeza que se desarruma quando o amor me toca…
Quando o amor me toca…O amor me toca…
Porque quando o amor me toca, eu esqueço que sou gente – do tipo que se endurece quando se aborrece, se atrapalha quando falha, se confunde quando erra – e me transformo em flor, colorida e perfumada, chamada poesia. Amor é o meu conteúdo e o meu significado. E poesia, a minha lente de enxergar levezas, quando tudo em volta é dureza e caos.
(Erica Gaião)