sexta-feira, 30 de setembro de 2011

pq é sexta-feira, dia de boteco



Dois pastel e um chopps!!!

Iansã dos ventos

Entre um cigarro e uma fresta de desespero, eu escolho a palavra. Tenho raiva de dores que me calam fundo. Filha de Iansã dos Ventos, eu mudo a direção das chuvas se pretendo outro tempo ou momento. Meu corpo é cais e mar aberto. Meu coração é caos, céu encoberto. Minha mente, esse relâmpago de luz.A escolha é sempre extrema. Não me comovem tuas palavras tão amenas. Então que minha sede traga tempestades e que meus seios incitem teus maiores incêndios. Não gosto de superfícies ilesas, eu busco o de dentro. Posso transformar tristeza em raiva pra sentir mais força. Posso afogar minha doçura num rio de águas tão enjoativas. Mas sei reverenciar o mar que temo.
E quando eu te tiver nos braços, Obaluaiê, me escuta: você terá a realidade dos teus sonhos. Não pretenda minha fúria, queira-me mansa.Não pretenda minha mansidão, queira-me intensa. Perceba quando eu digo um sim dentro de um não.
E quando eu te tiver nos braços, Obaluaiê, me escuta: só te restará a escolha entre a tempestade e o furacão.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Do que me lembro

Hoje revi minhas escolhas.
Ao contrário do que sempre defendi,
nem sempre segui meu coração.
Algumas vezes tive que escolher
o que achava que seria melhor para aquele momento,
não necessariamente pra mim. Mas fiz.
 Mesmo correndo todos os riscos.
Mesmo com o coração doendo.
Mesmo que eu tivesse que perder
as pessoas que mais amava para.
Mesmo que um pedaço de mim tenha ficado.
Mesmo que isso. Mesmo que aquilo.
 Mesmo que tudo.
Mesmo tendo que deixar um passado
lindo pra trás. Mesmo assim...
eu segui um caminho.
Eu não sei o que vai ser amanhã.
Nem no mês que vem.
Menos ainda os próximos que virão.
O que sei é que a trilha
do meu destino sou eu quem faço.
E nem tudo o que vai, vai pra pra sempre.
Há o recomeço.
Há que se ter força para não desistir.
E eu continuo... 
Sempre me encontrando,
Sempre surpresa comigo mesma.
Vez por outra lembro daquele dia,
daquela tarde, do sol,
daquela música,
daquele abraço,
do teu cheiro,
das tuas manias.
Lembro também de mim,
de como eu era quando estava com você,
do que eu aprendi,
do que eu vivi,
do que eu sorri,
do que eu cantei,
do amor,
de nós.
Da inteireza de você em mim.
Do que permanece.

Bronca

Vá trabalhar, coração vagabundo!

O amor tirou de mim tudo que era falta


'O que me interessa no amor, não é apenas o que ele me dá, 
mas principalmente, o que ele tira de mim: 
a carência, a ilusão de autossuficiência, 
a solidão maciça, a boemia exacerbada para suprir vazios. 
Ele me tira essa disponibilidade eterna para qualquer um, 
para qualquer coisa, a qualquer hora. 
Ele apazigua o meu peito 
com uma lista breve de prós e contras. 
Mas me dá escolhas. 
Eu me percebo transformada pelo que o amor
 tirou de mim por precisar de espaço amplo 
e bem cuidado para se instalar. 
O amor tira de mim a armadura, 
pois não consigo controlar a vulnerabilidade 
que vem com ele; tira também a intransigência. 
O amor me ensina a negociar os prazos, 
a superar etapas, a confiar nos fatos.
 O amor tira de mim a vontade de desistir com facilidade,
 de ir embora antes de sentir vontade, 
de abandonar sem saber por quê.
 E é por isso que o amor me assombra 
tanto quanto delicia. 
Porque não posso virar as costas
 pra uma mania quando ela vem 
de uma pessoa inteira. 
Porque eu não posso fingir que quero estar sozinha
 quando o meu ser transborda companhia. 
O amor me tira coisas que eu não gosto, 
coisas que eu talvez gostasse, 
mas me dá em dobro o que nunca tive: 
um namoramento por ele mesmo. 
O amor me tira aquilo que não serve mais 
e que me compunha antes.
 O amor tirou de mim tudo que era falta.'


[Marla de Queiroz]