domingo, 30 de dezembro de 2012

Dou-lhe um mapa se me pedires.

Você me pergunta se esqueci das palavras ditas, dos afagos trocados, dos beijos não dados. Pois se tanto sinto, mas nada digo, como é que podes me compreender? Meu bem, tu não entendes. É preciso me encontrar no vazio, me ouvir no silêncio, me ler nas palavras não ditas. Eu me guardo numa gaveta velha e gasta escondida num armário no porão. Eu me escondo aonde ninguém procura, por puro desinteresse, ou temor do que poderão descobrir. Mas para você eu digo, digo e repito. Dou-lhe um mapa se me pedires. Finja que sou território inóspito e tu, um aventureiro qualquer. Desvende todos os segredos meus. Sinta meus temores. Beba de meus sonhos. Guardo dentro de mim cara roçar dos teus dedos e cada sussurro ao pé d’ouvido. Entrego-te tudo, entrego-me toda. Não faz essa cara de contrariado, meu bem. Me olha com teus olhos escuros. Me enxerga com tua alma perspicaz. Mergulhe em mim, meu bem. E te acalma, meu homem, eu sou tua mulher.  


[Me explora sem medo, meu bem. - Gabriela Santarosa]

Certos desejos certos

Só deseja um amor saudável, quem já viveu uma paixão dilacerante. Porque a paixão corroía tudo por dentro até tirar o fôlego, mas até a dor parecia bonita: aquele único instante de felicidade com o Outro compensava os trezentos outros de infelicidade. Só deseja ter um dia tranquilo, sossegado, quem tem a intensidade à flor da pele, quem acorda suspirando a vida, devorando o dia, se lambuzando de tudo sem conseguir tocar nas coisas com a ponta dos dedos. Só deseja constantemente a companhia das palavras quem escreve. Para estas, o silêncio nunca é mudo, é sempre uma possibilidade. Só consegue vislumbrar a paz quem se investiga, quem tem Consciência do que deseja e pode ou não obter, quem aprendeu a lidar com o imediatismo.
A escrita ensina a esperar, a escutar a letra da música e depois a melodia, juntas e separadas. A escutar a história do Outro sem fazer intervenções antes da conclusão. A compreender que os espertinhos são aqueles que sempre vão terminar levando uma rasteira da própria ingenuidade, porque perderam a inocência. Só consegue acordar para a vida, quem viveu solitário e insone dentro de uma noite interminável e caminhou sonolento pelo resto do dia, quem perdeu o sol. Só consegue apreciar a nudez, quem não é vulgar. Quem percebe com naturalidade que um corpo é como uma árvore, que o seu ambiente é extensão do meio ambiente e que, juntos, ambos são um ambiente inteiro. Só julga acidamente os Outros o tempo todo quem é recalcado. Quem se aprisionou na ideia do que é ridículo e não consegue suportar um ser autêntico. Só consegue ser irônico, quem é inteligente. Só consegue ser doce, quem já foi ferido e curado pela espiritualidade.
Só consegue o que quer os que têm desejos justos. E acreditam.


sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Esse cara sou eu...



Parabéns para você, que tem um sonho. Que não desiste, apesar do que falam. Que não se abala, apesar do medo. Que sente uma fraqueza interna, mas caminha com passos firmes. Que fica tonta, mas não desmaia. Que apesar de cada pedra no caminho, corre. Que reclama dos problemas, mas entende que a vida é feita deles. Que tenta entender o defeito alheio – e procura perceber os seus.

p.s.:Hoje é meu aniversário,e me sinto muito muito feliz.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Sou uma mulher

Sou uma mulher mais ou menos abandonada 
Um pouco me dou o direito
um pouco aconteceu assim 
Ás vezes cansa ser independente  
Hoje me sustente não me deixe me alimente Quero alguém para pentear meus cabelos  

Sou uma mulher mais ou menos maltratada  
Um pouco por descuido  
Um pouco por querer  
Gosto da impressão esfomeada  
Ás vezes cansa ser milionária  
Quero sair das páginas dos jornais  
Hoje me adote me faça um carinho deboche
me ponha no colo e abotoe minha blusa  
Me faça dormir e sonhar com o mocinho  

Sou uma mulher mais ou menos alucinada  
Um pouco foi o acaso  
Um pouco é exagero  
Hoje me expulse se irrite me bata
diga abracadabra E me faça sumir
às vezes cansa ser louca demais  
Mas gosto do medo que sentem  
De se envolver com uma mulher assim  
Hoje quero alguém mais ou menos  
Apaixonado por mim. 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

TE OLHO NOS OLHOS


"Te olho nos olhos e você reclama
Que te olho muito profundamente.

Desculpa,
Tudo que vivi foi profundamente...
Eu te ensinei quem sou...
E você foi me tirando...
Os espaços entre os abraços,
Guarda-me apenas uma fresta.
Eu que sempre fui livre,
Não importava o que os outros dissessem.
Até onde posso ir para te resgatar?
Reclama de mim, como se houvesse a possibilidade...
De me inventar de novo.
Desculpa...se te olho profundamente,
Rente à pele...
A ponto de ver seus ancestrais...
Nos seus traços.
A ponto de ver a estrada...
Muito antes dos seus passos.
Eu não vou separar as minhas vitórias
Dos meus fracassos!
Eu não vou renunciar a mim;
Nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser
Vibrante, errante, sujo, livre, quente.
Eu quero estar viva e permanecer
Te olhando profundamente."

Poema de Ana Carolina

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Tua


Você me olha como se eu fosse a mulher mais linda do mundo. E, porque você me olha, eu sou. Nunca ninguém me olhou como você, eu digo. Você é que não percebe como os homens te olham, você responde. Minha primeira reação é refutar tua hipótese, mas tenho que admitir que ela faz sentido. Não reparo, mesmo, os olhares do outro. Escondo-me, arredia, temerosa. Medo de quê? Do que eu provoco no outro ou do que posso provocar em mim mesma? Ambos, talvez. Medo do descontrole. Descontrole é o que sinto quando você me olha com teus olhos de precipício, teus olhos de comer fotografia, teus olhos que enxergam quem eu sou quando sobrepujo o medo de não saber quem eu sou. Nesses momentos, sou menina, mulher, tímida, expansiva, voraz, contida, sou as duas faces da mesma moeda, sou todas as moedas do mundo. Sou tudo aquilo e nada disso quando você me olha com aquele olhar jocoso que me arranca um sorriso involuntário todas as vezes em que me despe. E nem precisa me despir, quando nos conhecemos eu estava vestida da cabeça aos pés, bota, calça comprida, casaco, cachecol, cabelo preso, não queria seduzir, queria me esconder, queria correr, e corri, e ainda corro, mas teus olhos sempre me alcançam, uma, duas, quarenta e três, cem, mil vezes você vai me pegar, e me despir, e eu vou fugir, e fingir, mas vou esperar, e vou gostar. Vou ser a mulher sensual, a neurótica chata, a menina boba, vou ser aquelas que sei, muitas que ainda não conheço e todas que você inventar com o seu olhar. Porque o que ele me diz, e é só o que preciso saber, é que posso ser qualquer uma - desde que seja tua. E eu sou.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

É isso!!!!

"Sorrir com os olhos, falar pelos cotovelos, meter os pés pelas mãos. Em mim, a anatomia não faz o menor sentido. Sou do tipo que lê um toque, que observa com o coração e caminha com os pés da imaginação. Multiplico meus cinco sentidos por milhares e me proponho a descobrir todos os dias novas formas de sentir. Quero o cheiro da felicidade, o gosto da saudade, o olhar do novo, a voz da razão e o toque da ternura. Luto contra o óbvio, porque sei que dentro de mim há um infinito de possibilidades e embora sentimentos ruins também transitem por aqui, sei que devo conduzi-los com a força do pensamento até a porta de saída. Decidi não delegar função para cada coisa que eu quero. Nem definir o lugar adequado para tudo de bom que eu sinto. Nossos sentimentos são seres vivos e decidem sem nos consultar. A prova de que na vida, rótulos são dispensáveis e sentimentos inclassificáveis."

Roda vida, roda!

 
“A vida muitas vezes parece girar em círculos só pra mostrar que independente da volta, o caminho sempre começa e termina em você mesmo.” 

sobre os pedaços

"Igualzinho ao que acontece com todas as pessoas, 
num trecho ou outro da estrada, 
eu já senti tanta dor que parecia que
 os golpes haviam me quebrado toda por dentro. 
Não sabia se era possível juntar os pedaços, 
por onde começar, nem se o cansaço me permitiria
 movimentos na direção de qualquer tentativa. 
Quando o susto é grande e dói assim, 
a gente precisa de algum tempo
 para recuperar o fôlego outra vez. 
Para voltar a caminhar sem contrair
 tanto os ombros e a vida. 
Um espaço para a gente quase se reinventar.
O tempo passa. O fôlego retorna. 
Parece milagre, mas as sementes
 de cura começam a florescer nos mesmos
 jardins onde parecia que 
nenhuma outra flor brotaria. 
A alma é sábia: enquanto achamos
 que só existe dor, ela trabalha, em silêncio, 
para tecer o momento novo. 
E ele chega."

domingo, 4 de novembro de 2012

Faca de dois gumes




Meu super poder é sentir demais. 
Minha criptonita também.



Da morte que faz viver


Ainda estou viva, mas já morri muitas vezes. Morro a cada vez que o amor morre, e, por mais que eu lute, ele está sempre morrendo dentro de mim. A cada morte, o mesmo ritual: o enterro bem no fundo do peito, e começo a construir muros e torres com palavras ao redor do coração para que ele não volte. Mas ele sempre volta. Por mais que eu pense, por mais que eu fale, por mais que eu articule. Por mais que eu envelheça, inteligente e culta, acreditando-me superior à ingenuidade do amor, ele sempre volta.
Há vezes em que volta destruindo tudo, uma avalanche de palavras outras, do outro, que se enfiam no meio das minhas e arrancam sangue com cada letra separada. Em outros momentos, o amor chega como uma brisa silenciosa e persistente, infiltrando-se nos pequeninos espaços entre uma letra e outra, e quando dou por mim ele embaralhou-as todas, e já não sei mais o que estou dizendo. Porque é essa a maior arma do amor: ele me faz renascer em novas palavras inventadas a dois, palavras doces, palavras vorazes, palavras belas, ou até mesmo palavras cruéis, não importa. Podem até ser palavras feitas de silêncios, desenhos ou números. Sua força não está no conteúdo, mas no modo como, ao escrevê-las, elas se inscrevem em mim.
Quando sinto aquelas novas palavras tatuadas na pele e na alma, já sei: estou prestes a morrer mais uma vez.

Cuidado, Frágil.


O que mais me encanta no ser humano é quando ele consegue enxergar suas próprias fraquezas. 

Diariamente somos testados por nossos medos, nossas fragilidades, nossas incertezas. Vivemos rodeados de gente que se busca, que se perde, que não se entende. Mas sente. De alguma forma as pessoas aprenderam a sentir. Algumas numa intensidade tamanha; outras a sua maneira. Rasa. Mas sentem. E isso já é lindo.  

Hoje, eu consigo enxergar a vida de uma forma diferente da que eu tinha ontem. E que felicidade reconhecer isso. Que alegria saber que eu posso mudar do dia para a noite. Ou o reverso disso. A ordem dos fatores é só um detalhe. O que vale mesmo é ouvir-se no meio deste turbilhão que trazemos dentro. 

Temos uma fome insaciável de felicidade. Queremos tudo ao mesmo tempo.  Queremos amar e ser amados. Queremos sorrir e ficamos felizes quando somos retribuídos. Nós queremos, buscamos, corremos. E o que somos nisso tudo? 

Penso que somos as sementes do que lemos, das experiências que tivemos, do que a gente aprendeu na escola da vida. E como aprendemos. Todos os dias. Somos referências para alguns e temos outros como a nossa. Queremos ser eles, quando crescermos.  

O tempo passou e cá estamos nós. Sós. Querendo carinho, querendo um afago, um abraço sincero. Um abraço de urso. Somos humanos. Podemos ser sorrisos e lágrimas em uma mesma nota. Somos equilibristas no trapézio da vida. Somos. Tanto. Tantos.

E sem querer agimos por impulso. Falhamos. Decepcionamos. E nos decepcionam também. E a gente tem que aprender a lidar, a driblar, a viver. A fraqueza que eu comentei logo no início, é daquela parte da gente que pouco fala, que pouco é ouvida. Daquela parte que, na nossa pressa, deixamos de lado. Deixamos para depois. Para um dia desses, quem sabe. Se der tempo. 

Por isso, é que todos os dias eu tento me entender. E me perdoar. E me amar, mesmo com as fraquezas que tenho. Eu me aceitei assim. Imperfeita. Impura. Frágil. Humana. Na essência do sentimento. E da palavra que ela quer dizer.
Falo emprestando palavras.......

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Propuesta

Te propongo esta noche
llegar a un acuerdo,
un diálogo entre mi cuerpo y tu cuerpo
una conversación sin palabras,
un silencio de proyectos,
que tus dedos interpreten
el lenguaje de mis dedos.
Te propongo, simplemente,
alargar la caricia,
no planear la llegada a la cima
sino navegar con el remo de mis brazos
no utilizar para nada el salvavidas
ni que el tiempo detenga la mirada
dirigida a los botones de tu camisa.
Te propongo un pacto de susurros,
una tertulia de gemidos,
un monólogo de gritos,
que todo lo que no dijimos
en la piel permanezca escrito.
Te propongo una noche interminable,
lenta, muy lenta, tan lenta
que cuando nos interrogue la mañana
no sepamos quiénes somos
ni hacia dónde vamos,
como si aprendiéramos de nuevo a leer
igual que dos niños pequeños,
como si aprendiéramos de nuevo a escribir
sobre el pálido folio de nuestro cuerpo.
Te propongo una lectura corpórea
desde el prólogo de tus ojos
hasta el epílogo de mi boca.
Gloria Bosch

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Não era amor

"Se era amor? Não era. Era outra coisa. Restou uma dor profunda, mas poética. Estou cega, ou quase isso: tenho uma visão embaraçada do que aconteceu.[...] Eu sei, não precisa me dizer outra vez. Era uma diversão, uma paixonite, um jogo entre adultos. Talvez seja este o ponto. Talvez eu não seja adulta suficiente para brincar tão longe do meu pátio, do meu quarto, das minhas bonecas.

Onde é que eu... estava com a cabeça, Lopes, de acreditar em contos de fadas? de achar que a gente manda no que sente e que bastaria apertar o botão e as luzes apagariam e eu retornaria minha vida satisfatória, sem seqüelas, sem registro de ocorrência?Eu nunca amei aquele cara, Lopes. Eu tenho certeza que não. Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada.

Não era amor, era uma sorte. Não era amor, era uma travessura. Não era amor, era sacanagem. Não era amor, eram dois travessos. Não era amor, eram dois celulares desligados. Não era amor, era de tarde. Não era amor, era verão. Não era amor, era sem medo. Não era amor, era melhor."
.


Bela!

“Que você acredite que não me deve nada simplesmente porque os amores mais puros não entendem dívida, nem mágoa, nem arrependimento. Então, que não se arrependa. Da gente. Do que fomos. De tudo o que vivemos. Que você me guarde na memória, mais do que nas fotos. Que termine com a sensação de ter me degustado por completo, mas como quem sai da mesa antes da sobremesa: com a impressão que poderia ter se fartado um pouco mais. E que, até o último dia da sua vida, você espalhe delicadamente a nossa história, para poucos ouvintes, como se ela tivesse sido a mais bela história de amor da sua vida. E que uma parte de você acredite que ela foi, de fato, a mais bela história de amor da sua vida.”
 

FIM.




"E eu tenho vontade de segurar seu rosto e ordenar que você seja esperto e jamais me perca e seja feliz. E entenda que temos tudo o que duas pessoas precisam para ser felizes. A gente dá muitas risadas juntos. A gente admira o outro desde o dedinho do pé até onde cada um chegou sozinho. A gente acha que o mundo está maluco e sonha com sonos jamais despertados antes do meio-dia. A gente tem certeza de que nenhum perfume do mundo é melhor do que a nuca do outro no final do dia. A gente se reconheceu de longa data quando se viu pela primeira vez na vida."

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Dois é bem melhor do que um.

O que reascende a vida, somos nós mesmos - embora raramente tenhamos em mente isso - Somos nós. Cada um de nós. O jeito com que se encara a vida faz a total diferença. Pergunte a si mesmo, como, numa única semana, sente-se diferente em cada um dos dias. Estabeleça um sentimento para cada um deles, uma emoção. E se pegue descobrindo que, se acorda bem e seu dia corre tranquilamente, você deita a cabeça no travesseiro e dorme feito anjo. Mas se acorda mal, seja lá que mal isso traga - e vai trazer - seu dia, por mais que queira, não sairá das raízes ruins. Isso porque para o dia fluir, antes, nós temos que fluir. E é aí que entra o reascender, que é de nossa responsabilidade. Embora há meios magníficos de conseguir deixá-lo mais repleto de luz. Minha mãe sempre disse que felicidade não tem que depender de ninguém, a não ser que venha de você, primeiramente. Depois sim. Pense no outro. E no que pode ser quando há alguém do outro lado, com a mão estendida. É uma das melhores sensações decorrentes do amor. A vida é a melhor sensação. E ela é para nosso prazer e uso. Saudável e consciente. Embora o amor, nunca use a consicência. Pelo contrário: pura emoção. E não há deslize mais bonito que esse. Nem ponte mais certa rumo a felicidade. Dois é bem melhor que um...

terça-feira, 24 de julho de 2012

Planos para muitos depois

- Planos pra hoje?

Nos meus planos pra hoje, você está no tapete da minha sala e eu te ensinando a prever o futuro, na espuminha de vinho que gruda nas paredes da taça. Talvez eu trapaceie e diga que o teu futuro será curtíssimo que é pra você aproveitar o hoje como se não houvesse amanhã... Talvez eu trapaceie nisso... vai depender! Vai  depender de quanto charminho eu precisarei fazer, até que os teus cílios acariciem os meus.

Nos meus planos pra hoje, eu vou catalogar as tuas nuances com a significância e o atordoamento que me são peculiares, enquanto teu sorriso entra pra galeria dos sorrisos-que-me-prendem e o teu olhar, com todo o cuidado e esmero, apaga a luz dos Medos Meus.

Espero que a noite esteja bonita com o céu em tons de vermelho indiano, mesclados com tons de azul da prússia, pra eu te mostrar - cuidando pra que você perceba direitinho - as enormes significâncias contidas nas minúsculas sutilezas.

Meus planos pra hoje, incluem perda da noção de tempo e você a me mostrar a relatividade das verdades que nunca saberemos se legítimas ou falsetas, e eu a te dizer que sempre perco o rumo certo, quando estou diante de tais penhascos e em resposta, você sussurra baixinho no meu ouvido - quase não se contendo - que não precisamos de certezas, que a dúvida é a grande mãe dos prazeres mais secretos e suculentos!

Nestes planos pra hoje, quero ambientar-me no teu aconchego, que aquecerá as minhas asas e estas aquietarão serenas - sem muito esforço - ao te ouvir dizer que só pra mim e por mim, você mudará este espaço, que passará a contar com um teto móvel, cinco imensas janelas e o chão em ladrilhos pra que eu possa colori-los com lápis de cor, sempre que eu quiser.

Na parte mais secreta dos meus planos pra hoje, tuas pupilas dilatam no breu das minhas discrepâncias, meu calor faz chover no deserto da tua solidão, minha acidez mata a tua sede e tuas mãos, majestosamente, dedilham os meus desejos - compondo uma doce canção de amor...! Meu corpo te faz confissões apócrifas enquanto o teu me inspira receitas de sobremesa. Teu suor rega os gerânios da mesinha de centro e o ar dos nossos gemidos ilustram um quadro surrealista no vidro abafado da janela.

E lá no fim dos meus planos, quando, placidamente, os pelos do teu peito ilustrarem minha bochecha, terei garantindo o lirismo e a quentura para completar as frases dos meus poemas empoeirados, terei salvo meus suspiros do ostracismo e terei muitos planos para muitos depois ...!)

- Sem planos pra hoje.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Só mais 5 minutos?


E da próxima vez que a gente se encontrar, vou pedir pro relógio do mundo dar uma descansadinha, só pra esticar esse tempo de abraço que faz graça no meu peito.


segunda-feira, 9 de julho de 2012

Desejo do dia:


Estar sem fim, onde o silêncio incendeia o olhar...
Ficar assim; transbordando num desejo de aprender a ser feliz !

quarta-feira, 30 de maio de 2012

it will end in tears


Eu não sei por que, afinal, eu ainda te dou uma segunda chance. E uma terceira, e uma quarta, e incontáveis chances, sempre prometendo a mim mesma que sim, impreterivelmente: esta será a última. Ridículo. Será este meu otimismo incorrigível, ou será mesmo apenas burrice, estupidez pura e simples? – talvez seja apenas uma questão de ponto de vista. Quando paro para pensar a este respeito, não me custa muito perceber o absurdo da situação: um círculo vicioso que não se encerra nunca, ao contrário, repete-se patética e incansavelmente sem que os envolvidos se dêem conta da absoluta inutilidade desta repetição. Sim, eu sou um deles. Sim, analisando a situação como quem vê de fora, com um mínimo de isenção e racionalidade, tenho total consciência de seu absurdo. Sim, rio de mim mesma, porque a dor é grande e rir de si mesmo é sempre uma boa providência, desvia o foco, ajuda a atentar para outra coisa e quase faz esquecer a ferida e a tristeza. E sim, ao final de cada volta deste círculo estúpido, eu me recolho conformada, cordata feito uma boa menina, e aceito fazer de conta mais uma vez que agora sim, que agora tomaremos um caminho diferente, que afinal iremos adiante, seremos outros. E assim recomeço a desenhar o círculo, com as mãos trêmulas e o coração dolorido, mas sem um pingo de noção da realidade. Sem coragem também. Até quando, meu deus, até quando?



Completamente apaixonada pelo "Bicho Solto". Leiam, vale muito!

Em desordem



Dia destes disse a um amigo com certa angústia, ‘não sei o que está acontecendo comigo’. Mais tarde, solitariamente, admiti que não era bem verdade: sei bem o que acontece – apenas tenho medo de dizê-lo em voz alta, como se colocar finalmente em palavras aquilo que já sei e do que não posso fugir exigisse uma valentia que por ora não me sinto capaz de ter. É como se o dito, de súbito, tornasse o fato irrevogavelmente real e existente para o mundo, portanto inegável, e me assusto com esta possibilidade, porque ainda não sei para onde devo ou desejo ir. Muitas coisas acontecem ao mesmo tempo e as idéias se me embaralham, estão todas desalinhadas e rebeldes, estou confusa como há muito tempo não experimentava estar, sinto-me perdida como uma criança abandonada sem aviso em uma casa de doces, a meio caminho entre o êxtase e o desespero. Há em mim algo que muito se alegra por estar vivendo uma coisa assim, sente-se presenteada por este contentamento espantoso que há tanto tempo não experimentava, enquanto uma outra parte quer esconder-se, poupar-se, proteger-se, teme a esperança e sobretudo a entrega, que em última análise equivale à morte – há sempre algo que deve morrer para dar lugar ao que quer recomeçar. Mesmo dividida, contudo, esforço-me: em silêncio, concentrada como o momento exige que esteja, dedico-me a fortalecer em mim a coragem e o desejo pela transformação, mantenho a cabeça erguida tanto quanto posso e não esmoreço, sigo em frente. Disto pelo menos eu sei: é para lá que eu quero ir, adiante.


terça-feira, 29 de maio de 2012

Flor de ir embora.



E deste modo tenho levado a vida: um pouco a sério e um pouco de brincadeira, entre um sorriso e um suspiro. Às vezes rio e às vezes choro, às vezes brigo e às vezes deixo estar, às vezes quero e às vezes desisto, às vezes sou forte e grande de um tamanho maior do que todas as coisas e às vezes sou tão pequenina que nem chego a ser do tamanho de um botão. Tal é o movimento que a vida faz, um paradoxo que não se acaba e persiste. E quando já se achava que era possível descansar e ficar em silêncio, lá vêm desafios novos e outras possibilidades, coisas desconhecidas e mais desbravamentos. Gosto disso. Assusta, sim – não digo que não. Mas gosto, aprendi a gostar. Sei hoje que é possível encontrar felicidade até mesmo na dor e no susto (e ah!, são estas às vezes as mais bonitas alegrias), então me aventuro sem muitos temores, e se a vida pede que me lance, não meço a altura do tombo. Que me traga a vida todas as cores e sabores e sentires desconhecidos, o que houver para vir que venha, eu – de braços abertos. Aqui espero, em silêncio ou cantando as dores e as alegrias caso a alma peça por um pouco de cantoria. Acolho, aceito e saboreio, com toda cautela nascida de muito amor e muita vontade sinto o gosto, o cheiro, o toque; conheço, intimo, recolho e deixo que passe a existir dentro de mim – esta é a parte mais bonita, quando então vira vida, transforma-me, revoluciona e eu evoluo. Cresço um bocado, descubro coisas sem conta, padeço se houver que padecer porque às vezes é mesmo preciso. Seja como for, é semente que brota e floresce, embelezando. Em mim, o mundo. De mim, para mim, o mundo. Como dizia a canção: ‘flor de ir embora, eu vou / agora esse mundo é meu’.

"Bicho solto"

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Morrer de amor não mata


O amor é um desastre. E um acidente. Tenho lido/escrito tanto sobre isso que estou ficando com medo que meu coração bata no muro a próxima vez que dobrar a esquina. Ainda assim sigo em frente, às cegas, e entro em becos sem saída, mas depois dou um jeito de sair voando. Ou construo muros que parecem me prender, até o dia em que resolvo pulá-los para ver o que tem do outro lado. Estou aqui depois desse último ponto pensando se deixo essa metáfora ou não, essa coisa de caminho/acidente de carro parece uma metáfora tão ridícula para falar de amor. Mas aí resolvo que vou deixá-la, afinal tudo é meio ridículo quando se trata de amor, não? Ou exageradamente belo, bobo e ingênuo, ou cru, sangrento e dolorido. É realmente como um acidente em que se sobrevive: você sai cheio de marcas, machucados e cicatrizes, mas se não te mata dá aquela sensação de agradecimento por sentir, por estar vivo. Algumas pessoas depois de um acidente fica assustadas, e tentam se resguardar, com medo de que da próxima vez não saiam vivas. Eu não sei se sou muito inteligente, ou muito burra. Na verdade, acho que nenhuma das duas coisas, acho que sou é conformada. Porque por mais que eu quebre a cara, os dentes, e arrume cicatrizes que me cortam o peito inteiro, eu continuo me lançando de encontro a muros e pulando abismos sem olhar pra baixo. Não digo que não tenha medo, eu tenho, e tenho também muitas dúvidas. Mas acima disso, eu tenho uma certeza: morrer de amor não mata. Aliás, morrer de amor é o melhor jeito de viver.



vem daqui Ó

terça-feira, 17 de abril de 2012

Com fé, não certeza, fé!

Ela perguntou como é que eu tive certeza de que aquela escolha era a mais acertada. Respondi que nunca tive, que não tenho até agora. Porque tem coisas que a gente, simplesmente, não sabe. Decidi ali na tentativa de fazer o melhor e fui. Com fé. Sim, fé e não certeza. Vontade que desse certo. Ou, de pelo menos, que não fosse motivo para me arrepender para todo & sempre. Em alguns momentos, deu certo. Noutros, me arrependi para todo & sempre. Agora, acho que me conformei e que é assim e pronto, não tem mais volta e tudo bem. Tudo bem, de um jeito ou de outro, que a vida e o tempo consertam as coisas.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Floresci dentro do abraço daquele moço.



Ele me fez pisar em estrelas. Flutuar no olhar dele, e adormecer entre sorrisos e coração. E um dia, puxou a nuvem que estava sob meus pés, e me deixou no chão. Um tombo maior que o voo, que me fez esquecer o quanto a vista é bonita lá de cima. 
Criei raízes em forma de medo. Me prendi ao que eu chamei de segurança e outros chamavam de solidão.
Aí veio alguém e regou minhas tristezas com palavras bonitas, e atitudes que condiziam com elas.
Floresci dentro do abraço daquele moço. 
Alguns chamam de novo amor. 
Eu chamo de amor verdadeiro.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Acertei o caminho......



 
Vasculhando nas memórias algum assunto, encontrei a carta que eu rabisquei na capa de um livro: “pra você”, era o destinatário. Não sei por que não mandei, talvez não quisesse passar a limpo o passado. Em letras garrafais eu te dizia: “acertei o caminho não porque segui as setas, mas porque desrespeitei todas as placas de aviso”. E achei curioso eu usar essa metáfora sem nem ao certo saber o que queria te dizer com isto.E depois de repousadas aquelas palavras eu percebi quanta coisa eu escrevi pra você, querendo dizer pra mim. Porque eu jamais chegaria aonde cheguei se só andasse em linha reta. Tive que voltar atrás, andar em círculos, perder dias, perder o rumo, perder a paciência e me exaurir em tentativas aparentemente inúteis pra encontrar um quase endereço, uma provável ponte: a entrada do encontro.Você tão ocupado com seus mapas, tão equipado com sua bússola, demorou tanto, fez sinais de fumaça e não veio. Você simplesmente não veio. Mas me ensinou a intuir caminhos certos, a confiar nos passos, a desconfiar dos atalhos. Porque eu estava do outro lado e só. Sem amparo. Mas caminhava. E você estava absolutamente equipado com seu peso. E impedido de andar por seus medos.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Me aceita como sou

Nunca fui do tipo doce e delicado, tenho força nas palavas e nos pensamentos. Nem sempre sei colocar os sentimentos pra fora do jeito que gostaria, mas eles são sempre verdadeiros e quase sempre exagerados. Sou diferente de você, apenas. Não quer dizer que eu sinto mais ou menos, que amo mais ou amo menos. Só quer dizer que posso fazer tudo diferente daquilo que você acredita ser melhor. Talvez se você pudesse ver o turbilhão que sou por dentro,  as mil coisas que penso em uma batida do coração, as tantas maneiras como meus sentimentos se alteram durante um dia, entendesse porque eu sou tão intensa e aos seus olhos reservada e séria.. Eu apenas observo. É essa minha mania tosca de querer entender, de tentar explicar o mundo pra mim mesma, como se eu fosse uma criança pequena, confusa e de vez em quando solitária. Só que assim como você foge da solidão, ela me faz companhia. Eu gosto de estar com as pessoas, eu gosto de estar comigo. Talvez eu apenas faça isso de outro jeito, não do seu. O que mostro aqui fora não é um décimo de uma pequena fração minha, por isso não me restrinja a tão pouco, nem queira me entender ou avaliar pela pequena fração que você conhece. Você já tentou entrar no meu mundo, já tentou seque estar no meu mundo? Quando quiser fazer isso, quem sabe, você venha a me conhecer de verdade. Se preciso da sua aceitação? Nem um pouco, mas seu respeito seria bom...

Redigindo o seu corpo

Sei de cor o som do seu corpo, sei a textura de suas páginas mais azuis, sei os peixes de sua voz e quais as suas janelas que não se abrem, sei a umidade do seu chão, sei as paredes de sua chuva, sei a lua em seu umbigo, sei suas vírgulas se fazendo caminho –para o que não sei e a rouquidão específica de cada um dos seus silêncios e a ruptura de seus pensamentos quando me envio em leve vento fazendo-me grafia invisível em sua nuca, sei a mobília de seus olhos e os ruídos de suas aldravas, sei a sutil ranhura de seus dentes em meu cansaço, sei a alvura extrema de sua ante-sala e a nódoa que impede minha fala, sei a acústica de todo o seu corpo suando enquanto dorme sonhando o mapa evanescente dos meandros de miolo de seu rumoroso ser em carne viva. Pois estou  aqui, metafórico e físico, encordoado na imagem do seu grito, sabendo o que não sei, falando o infalável, aqui estou, fora de qualquer casa, dentro de qualquer casa, caminhável, caminhante, quase transitivo, quase permitindo que as palavras me digam, quase sendo palavras, quase sendo o que não digo, aqui estou, não redigindo a carta que me pediu, em que falaria de mim e só de mim, aqui estou, redigindo  o seu corpo, fazendo do seu corpo palavra, ainda que sabendo que nem mesmo nas palavras pode um homem banhar-se outra vez no mesmo rio.
Wesley Peres, in : Casa entre vértebras.

domingo, 8 de abril de 2012

O que me importa é sentir meu coração bater por todo o corpo.

  E se, de repente, a melancolia quiser me fazer companhia? Isto faz parte da vida e nem é a parte mais importante. Eu posso lidar com todas estas emoções desde que aprendi a identificá-las e me aprofundar nelas sem que isto me doa, mas que me humanize, me torne mais humilde e me aprimore para que eu seja uma pessoa boa.
E se, de repente, eu tivesse planejado um dia de absoluta alegria?
Ótima oportunidade para aprender que não tenho o controle de nada e que sentimentos surgem, às vezes, sem motivo, sem rosto, sem réus, sem antecipar suas pegadas.
Então, nestes instantes, me resta observar, já que me permito mergulhar nos extremos para só depois fazer minhas escolhas. Eu não temo a vida, eu a tenho em mim: vibrando, pulsante, uns dias destemperada, em outros dias picante.
O que me importa é sentir meu coração bater por todo o corpo. E poder fechar os olhos se sentir saudades, ou abri-los bem para a sempre nova rotina chamada realidade. Eu não quero nada além do que mereço: caminhar serena dentro do meu poema, respeitar todo e quaisquer momentos, saber utilizar meus aprendizados, amar e ser amada quando for meu tempo.
Sei que passam a saudade e a tristeza e o entusiasmo que vivem comigo. Por isso, faço do transitório meus amigo.
O que a vida exige de mim é constante aceitação e mudança_ para que eu continue sendo merecedora da minha Boa Sorte e valorize a cada dia mais a Esperança.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Difícil é amar quem não está se amando


"É fácil amar o outro na mesa de bar, quando o papo é leve, o riso é farto, e o chope é gelado.
É fácil amar o outro nas férias de verão, no churrasco de domingo, nas festas agendadas no calendário do de vez em quando.
Difícil é amar quando o outro desaba. Quando não acredita em mais nada. E entende tudo errado. E paralisa. E se vitimiza. E perde o charme. O prazo. A identida...de. A coerência. O rebolado.
Difícil amar quando o outro fica cada vez mais diferente do que habitualmente ele se mostra ou mais parecido com alguém que não aceitamos que ele esteja.
Difícil é permanecer ao seu lado quando parece que todos já foram embora. Quando as cortinas se abrem e ele não vê mais ninguém na platéia. Quando o seu pedido de ajuda, verbalizado ou não, exige que a gente saia do nosso egoísmo, do nosso sossego, da nossa rigidez, do nosso faz-de-conta, para caminhar humanamente ao seu encontro.
Difícil é amar quem não está se amando.
Mas esse talvez seja, sim, o tempo em que o outro mais precisa se sentir amado. Eu não acredito na existência de botões, alavancas, recursos afins, que façam as dores mais abissais desaparecerem, nos tempos mais devastadores, por pura mágica. Mas eu acredito na fé, na vontade essencial de transformação, no gesto aliado à vontade, e, especialmente, no amor que recebemos, nas temporadas difíceis, de quem não desiste da gente."

segunda-feira, 2 de abril de 2012

feliz!

Recuperei alguns posts graças ao RSS . Minha irmã me repassou alguns e vou posta-los novamentes cconforme o tempo disponível. =)

As várias faces de Jackie S.




{Quem é Jackie S. - breve biografia, a título de prólogo}

Jackie S. nasceu ao som de “Toreador” de Carmem, de Bizet, 19 anos depois do nascimento de Jaqueline da Silva Só (Silva de mãe e Só de pai, que nunca teve). Jackie S. habita uma caixa lilás (tam. 23 x 35 x 12 cm), localizada em uma sacola amarela das antigas Casas Pernambucanas, que, por sua vez, faz parte de um país chamado Terceira Gaveta da Cômoda, uma ilha no hemisfério sul do planeta chamado Quarto de Jaqueline.
Jackie S. tem olhos nublados, cabelos curtos, unhas roídas,
sorriso pequeno, e usa pantufas cor de rosa para ir ao
supermercado. Toma café em copo de geléia, que segura com as duas mãos porque sente muito frio nos joelhos. E não gosta de batatas fritas. Jackie S. é ambidestra e escreve mal com os dois pés. Tem talento para a música, mas a
cada 28 dias perde a voz, que escorre por suas pernas
chegando a manchar o lençol. Jackie S. largou a escola, o
namorado, a mãe, o cigarro e o arroz, tudo ao mesmo tempo, durante a grande Crise de Asma de 39. Jackie S. não está formada e, por conseguinte, não está pronta. Portanto, qualquer coisa que se diga sobre ela será mera especulação, mexerico, maledicência ou coisa que não o valha. Jackie S. tem aproximadamente 365,4 máscaras em seu guarda-roupa, e as escolhe de acordo com a cor da alma do dia, sempre após lamber o dedo mínimo da mão esquerda, levar a mão à janela e ver a direção do vento: Jackie S. invariavelmente se decide pela direção oposta às correntes de ar, porque adora correr atrás de chapéus. Especialmente em meio à chuva.
Não é louca. Dizem.
Mas ninguém nunca contestou.

Me fez lembrar de alguém que já esqueci

A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.

A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.

O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.

Texto do Vinícius, apresentado por minha Pri Dadá com essa pergunta: te faz lembrar de alguém? A resposta foi o título....Obrigada Pri

Não espero.



Imagem de arquivo da minha amiga Luciana Abes

Ela vive para morrer de amor

Ela ainda vive com as asas que lhe foram dadas, o coração na boca liberto e cansado de tantas outras quedas, um pé no chão como atalho pra qualquer fuga.
Não recebe nada em troca, ainda tem o seu amor como garantia e esse, talvez só dure em liberdade.
Pincela em rostos estranhos o que tanto sonhara ou ao menos, imagina em outros quadros os olhos que deseja admirar sem desvios. Os muros do seu coração caem por terra a cada amanhecer em que seus desejos não são dissipados.
Mesmo à beira da loucura e inconstante, ela segue. Que ninguém tente lhe arrancar desse devaneio, a vida pra ela é só mais um, talvez o mais doce e perturbador.
Entorpecida, pressiona a razão pra que ela escorra entre os dedos. Não sabe amar pela metade. Vive pra morrer de amor.

Não estou aqui.



"Hoje to me sentindo ausente. Não quero esparramar verdades, feito bola de gude e esperar que as pessoas caiam. Também não encontro nada racional aqui dentro. Tentar decifrar nossos próprios enigmas é virar esfinge e devorar a própria criatividade e bom humor. Se sou avessa a perguntas, a troco de que vou me questionar? Não tenho medo das respostas, tenho preguiça de diálogo - monólogo - interior. Me encontro perdida em um mundo além das minhas janelas, Alice pós moderna. Cansei de brigar com meus pés que insistem em não permanecerem no chão. Acho que virei pipa, bola de sabão, nuvem de algodão."

Sobre a vida endurecer

"Essa vida viu, Zé. Pode ser boa que é uma coisa. Já chorei muito, já doeu muito esse coração. Mas agora tô, ó, tá vendo? De pedra. Nem pena do mundo eu consigo mais sentir. Minha pureza era linda, Zé, mas ninguém entendia ela, ninguém acolhia ela. Todo mundo só abusava dela. Agora ninguém mais abusa da minha alma pelo simples fato de que eu não tenho mais alma nenhuma. Já era, Zé. É isso que chamam de ser esperto? Nossa, então eu sou uma ninja. Bate aqui no meu peito, Zé? Sentiu o barulho de granito? Quebrou o braço, Zé? Desculpa!"

Previsão do tempo

Trégua nas instabilidades.
Não há previsão de pancadas de chuva e possíveis trovoadas.
As tempestades intensas e nebulosidades generalizadas se foram,
deixando uma lista de coisas para limpar e consertar.
Como se sabe, os temporais podem ser reveladores, mesmo que só para
nos mostrar onde o nosso telhado pinga...
O sol aparece com força e faz calor.
Infinita cores.
Tudo indica temperatura estável.
A brisa suave toca o rosto.
Entusiasmo.
É dia para embriagar-se no céu azul.
Dialogar com o próprio ser.
Encarar que há ocasiões para as quais não existem respostas.
Sentir desejos.
Traçar novos caminhos.
Assoprar as poucas nuvens de peito aberto e sorrir...

terça-feira, 27 de março de 2012

acidente

Não sei o que aconteceu que todos os posts de Novembro de 2011 pra cá foram apagados.
Estou arrasada =(