Nos meus planos pra hoje, você está no tapete
da minha sala e eu te ensinando a prever o futuro, na espuminha de vinho que
gruda nas paredes da taça. Talvez eu trapaceie e diga que o teu futuro será
curtíssimo que é pra você aproveitar o hoje como se não houvesse amanhã...
Talvez eu trapaceie nisso... vai depender! Vai depender de quanto charminho
eu precisarei fazer, até que os teus cílios acariciem os meus.
Nos meus planos pra hoje, eu vou catalogar as
tuas nuances com a significância e o atordoamento que me são peculiares,
enquanto teu sorriso entra pra galeria dos sorrisos-que-me-prendem e o teu
olhar, com todo o cuidado e esmero, apaga a luz dos Medos Meus.
Espero que a noite esteja bonita com o céu em tons
de vermelho indiano, mesclados com tons de azul da prússia, pra eu te mostrar -
cuidando pra que você perceba direitinho - as enormes significâncias contidas
nas minúsculas sutilezas.
Meus planos pra hoje, incluem perda da noção de
tempo e você a me mostrar a relatividade das verdades que nunca saberemos se
legítimas ou falsetas, e eu a te dizer que sempre perco o rumo certo, quando estou diante
de tais penhascos e em resposta, você sussurra baixinho no meu ouvido - quase
não se contendo - que não precisamos de certezas, que a dúvida é a grande mãe
dos prazeres mais secretos e suculentos!
Nestes planos pra hoje, quero ambientar-me no
teu aconchego, que aquecerá as minhas
asas e estas aquietarão serenas - sem muito esforço - ao te ouvir dizer que só
pra mim e por mim, você mudará este espaço, que passará a contar com um teto
móvel, cinco imensas janelas e o chão em ladrilhos pra que eu possa colori-los
com lápis de cor, sempre que eu quiser.
Na parte mais secreta dos meus planos pra hoje,
tuas pupilas dilatam no breu das minhas discrepâncias, meu calor faz chover no
deserto da tua solidão, minha acidez mata a tua sede e tuas mãos,
majestosamente, dedilham os meus desejos - compondo uma doce canção de amor...!
Meu corpo te faz confissões apócrifas enquanto o teu me inspira receitas de sobremesa.
Teu suor rega os gerânios da mesinha de centro e o ar dos nossos gemidos
ilustram um quadro surrealista no vidro abafado da janela.
E lá no fim dos meus planos, quando,
placidamente, os pelos do teu peito ilustrarem minha bochecha, terei garantindo
o lirismo e a quentura para completar as frases dos meus poemas empoeirados,
terei salvo meus suspiros do ostracismo e terei muitos planos para muitos depois
...!)
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