quarta-feira, 23 de março de 2016

Ponto de Loucura

Há um instante em que, para ele,
Todo o esforço para se adaptar à sociedade,
Para seguir regras e realizar rituais,
Para falar em um tom de voz adequado,
Escorre pelo ralo.

Há um momento em que, para ela,
Ser politicamente correta, ]
Cuidar com as consequências,
Evitar os abismos,
Deixa de fazer sentido.

Há um ponto nele
Que vezououtra ele ativa,
Que o faz confundir o chão com o teto
E desperta nele um impulso a se afastar para não perder o contorno do seu corpo
Sem que ele mesmo saiba por que se afasta.

Há um ponto nela
Que vezenquando ele toca,
Que faz do seu avesso o lado
Em que ela se reconhece no espelho
Sem que ela mesma saiba que está do avesso.

Há um tipo de fio invisível, que não está no iCloud, na nuvem e nem no dropbox
que os conecta
Quando esse fio é puxado, ativa-se uma região primitiva nele e nela,
Que não é ele mesmo, que não é ela mesma,
Mas que ao mesmo tempo é mais ele mesmo e é mais ela mesma,
Do que ele mesmo e ela mesma.

Há um ponto de loucura no ser humano
Que é intolerante à realidade,
Que se recura à adaptação, não importa se dura dez minutos ou cinco décadas,
Uma insanidade que é socialmente aceita
E que atende pelo nome de amor.

(Ana Suy)