Todo o esforço para se adaptar à sociedade,
Para seguir regras e realizar rituais,
Para falar em um tom de voz adequado,
Escorre pelo ralo.
Ser politicamente correta, ]
Cuidar com as consequências,
Evitar os abismos,
Deixa de fazer sentido.
Há um ponto nele
Que vezououtra ele ativa,
Que o faz confundir o chão com o teto
E desperta nele um impulso a se afastar para não perder o
contorno do seu corpo
Sem que ele mesmo saiba por que se afasta.
Que vezenquando ele toca,
Que faz do seu avesso o lado
Em que ela se reconhece no espelho
Sem que ela mesma saiba que está do avesso.
que os conecta
Quando esse fio é puxado, ativa-se uma região primitiva nele
e nela,
Que não é ele mesmo, que não é ela mesma,
Mas que ao mesmo tempo é mais ele mesmo e é mais ela mesma,
Que é intolerante à realidade,
Que se recura à adaptação, não importa se dura dez minutos
ou cinco décadas,
Uma insanidade que é socialmente aceita
E que atende pelo nome de amor.
(Ana Suy)
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