domingo, 30 de dezembro de 2012

Dou-lhe um mapa se me pedires.

Você me pergunta se esqueci das palavras ditas, dos afagos trocados, dos beijos não dados. Pois se tanto sinto, mas nada digo, como é que podes me compreender? Meu bem, tu não entendes. É preciso me encontrar no vazio, me ouvir no silêncio, me ler nas palavras não ditas. Eu me guardo numa gaveta velha e gasta escondida num armário no porão. Eu me escondo aonde ninguém procura, por puro desinteresse, ou temor do que poderão descobrir. Mas para você eu digo, digo e repito. Dou-lhe um mapa se me pedires. Finja que sou território inóspito e tu, um aventureiro qualquer. Desvende todos os segredos meus. Sinta meus temores. Beba de meus sonhos. Guardo dentro de mim cara roçar dos teus dedos e cada sussurro ao pé d’ouvido. Entrego-te tudo, entrego-me toda. Não faz essa cara de contrariado, meu bem. Me olha com teus olhos escuros. Me enxerga com tua alma perspicaz. Mergulhe em mim, meu bem. E te acalma, meu homem, eu sou tua mulher.  


[Me explora sem medo, meu bem. - Gabriela Santarosa]

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