quinta-feira, 7 de julho de 2011

Feitiço do tempo

Com o tempo a gente aprende que nosso melhor amigo somos nós mesmos. Percebemos como é fácil focar naquilo e naqueles que realmente acrescentam. Trilhamos naturalmente o caminho da dissipação da nossa raiva e da nossa mágoa. Mais do que isso, sentimos na pele que o melhor remédio para a irritação e o mau-humor é dançar ao som de um bom samba-canção ou cantar bem alto uma música no Karaokê. Se errarmos a nota, ou tropeçarmos nos passos, não tem problema: teremos o dia seguinte para treinarmos novamente. Afinal, o tempo do prazer não urge, caminha devagar, no relógio das nossas emoções mais gentis.

Depois de um tempo, é nítido que bloquear aquele carinha escroto no MSN não é mais uma necessidade da sua decepção. Aliás, até aprendemos que o mundo virtual se derrete no compasso do botão Power e que portanto...não, não vale a pena. Você troca os minutos que gastava futucando o Orkut daquela amiga que você amava, mas que não te ama mais, pelos sites que tragam alguma boa informação para a sua carreira ou para a sua saúde. Ou então, você até descobre, ou redescobre, um livro. Um bom livro. E uma tarde sozinha, na praia, no shopping, ou numa livraria, lava a sua alma mais do qualquer show do Monobloco.

E aí, sabe aquele carinha que prefere pagode enquanto você curte rock e Chico Buarque, e que quis te levar para um Motel logo no primeiro encontro? Então, "não"...é isso mesmo, ele não combina com você. E a grande vantagem é que você perceberá isso e cairá fora sem se sentir culpada ou achando que vai morrer solteira. E até aquele rapaz bem gostosinho, super bom de cama, mas que não te dava o menor valor fora das quatro paredes, deixa de ser tão encantador assim.

A gente aprende a pensar com o cérebro de cima e não com o calor que corre entre as pernas da solidão. Talvez, pode até ser realmente que você passe o restante da vida solteira, mas a máxima "antes só do que mal acompanhada" será um lema sinceramente verdadeiro no seu estilo. Além disso, é impossível ser feliz sozinho porque simplesmente nunca estamos sozinhos, a não ser quando nos perdemos de nós mesmos.

Entre outras coisas, a melhor parte de se entregar à evolução do tempo é sacar que aprendemos a amar melhor as pessoas, amar com admiração, mas sem pieguices ou idolatria. Sacamos também que o que pensam sobre você é problema de quem pensa e que a nossa única obrigação é viverde acord o com a nossa verdade, com a humildade de entendermos que estaremos sempre no tempo do aprendizado.

Um dia, acordamos e entendemos que o nosso mundo é aquilo que chamamos de lar, e não o que entendemos como rua. E que o nosso lar é lugar onde o afeto da gente repousa. Aquele lugar onde suas energias são recarregadas apenas pelo fato de os seus pais te darem um abraço, seus amigos um carinho e seus sobrinhos uma gargalhada bem alta. Pode ser também aquele singelo barraco onde encontramos uma sopa bem temperadinha, água e almofadas confortáveis.

Com muita concentração interna, começamos a perceber também a unidade que existe em nós. Deixamos de ser um produto para a vitrine dos olhos dos outros. E ai, meu amigo...você saberá se vestir melhor para o seu biotipo e não para a MODA. A sua relação com o espelho será mais harmônica e gostar das suas gordurinhas a mais ou da sua perna fina será tão natural quanto o ar que respiramos. Deixe para os pirralhos mentais o ato de precisar pagar de gatinha ou gatinho, na esteira da auto-afirmação.

E as horas passarão sem o drama das urgências ansiosas. E ignorar quem te suga a energia não lhe dará nenhum trabalho. Os afetos que chegam e os afetos saem levam um pouco de ti, mas te deixam mais experiência, mais amor próprio, mais vida, mais inteira. Te deixam mais em si. E com tanta coisa no mundo que possa te estressar, você saberá priorizar aquilo que te alegra, que te provoca gozos de vida.

A sua educação não dependerá de ninguém, mas a sua paciência será o ingrediente secreto das especiarias dedicadas apenas aos merecem. Os outros...ah, estes você ignora. Naquela sutileza que só quem aprendeu a dar tapas na cara com luvas de pelica sabe.

Fica fácil, fácil como dois e dois são cinco. Pequenas lições que nos mostram que até quando dá errado, dá certo. Simplesmente, porque a vida não tem lógica alguma e a nossa única obrigação é entrar na roda e viver. Um foco não tão desfocado, uma euforia mais calma e decepções mais efêmeras. Eu não marquei na agenda os meus dias, apenas senti que chegaram. E neste dia, ou em todos os dias nos quais você perceber isso, finalmente saberá que a melhor coisa do mundo é quando o passar dos anos vem acompanhado da chegada daquele ingrediente maravilhoso chamado maturidade.

FONTE 

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