segunda-feira, 11 de março de 2013

Não preciso

Nem sempre levanto de bom humor, com uma pele linda e reluzente. Nem sempre consigo fornecer sorrisos e bons fluídos ao meu próximo na proporção que deveria.
A vida ás vezes é meio malandra, incerta e nem um pouco cômoda. Cansei de querer acertar o passo a todo custo. Caminhar em linha reta nunca foi meu ponto forte, até na escrita cambaleio, me dou ao luxo de escorregar, de desafiar as letras com toda a minha angústia de errante e aprendiz de boa moça.
Todos os dias me esforço, faço votos que eu consiga absorver apenas as lindezas que me rodeiam, peço a fada madrinha que não me iluda com falsas poções de otimismo, pinto as divergências com ironia e danço pra não me sentir uma múmia.
Claro que também acerto, sei me fingir de estátua quando o mundo parece rodopiar. Minha maior qualidade é carregar a verdade nos ombros e algum brilho no olhar. Choro com facilidade, mas garanto que tristeza não me cabe.
Sou perita em assassinar maus pensamentos e corto volta de gente que usa da maldade pra subir na vida. Minhas costas não possuem largueza, nem grades contra o mal, muito menos holofotes que indiquem alguma fortaleza, mas meu riso miúdo se alastra conforme avanço diante de qualquer mal que me açoite, ou qualquer sujeira terrena.
Nunca fui um anjo de bondade, mas sei o endereço que minha alma realmente procura. Simplicidade, minha gente, quero encontrar nela minha arma e meu selo de maturidade diante da fé desacreditada. E acredito piamente em cada passo que se distancia da nebulosidade que aflige os olhos.
Não preciso ser boa o bastante pra ganhar o mundo, mas preciso ser humana além dos limites pra alcançar outras esperanças.

[Ju Fuzetto]

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