domingo, 28 de abril de 2013

Melodia do perdão

Da forma mais suave, mais branda e tranquila eu me perdoei. 
Perdoei a minha falta de jeito para lidar com as situações difíceis. Eu mereço este perdão por tudo que fiz e pelo que apenas consegui tentar e não realizar. 
Das glórias do meu passado eu comemoro, mas miro o olhar nos equívocos para dizer que me perdoo por eles. Não posso devolver acertos, por isso devolvo meu sincero perdão aos inevitáveis erros cometidos. Pelos meus destemperos nos momentos de decisão que eu, sem pensar tomei o rumo errado e que me trouxeram duras conseqüências, eu me perdoo. 
Ao exagero da minha consistência afetiva quando dei ao vento os carinhos desnecessários, eu uso sem medidas o meu perdão. Meu genuíno sentimento de perdão para os dias escuros e perdidos em mim mesma. Encaro com coragem todas as chuvas que me molharam, quando eu saí desprevenida, apressada ou sem pensar no tempo lá fora. 
Do tempo que perdi com as superficialidades, pensando que eram coisas frutíferas, 
Não atenuo minhas culpas e exatamente por isso que me perdoo. Adquiri esta capacidade de me perdoar, porque não há coisa melhor a fazer uma vez que a minha borracha não consegue apagar as marcas que ficaram. Não lamento, inclusive reconheço que a visão disforme que me entorpeceu o caminho de alguma coisa me serviu. 
Sou merecedora de perdão, aliás, sou agraciada pelas condutas atrapalhadas. Se eu pudesse errar, faria com menos intensidade. Se fosse para me perdoar, perdoaria mil vezes mais. Fui fundo, subtendendo felicidade e voltei sem nenhuma proibição do destino para dizer que falhei na tentativa de acertar. Nem amarguras colhi, porque concedi a mim o perdão, sem nenhuma petulância. Consegui o perdão pelas minhas insistências, prepotências, intolerâncias, contravenções, empurrões e exageros de insensatez que usei pelos pedágios da vida. 
Perdão representa o desapego aos erros que foram colocados nas aspas da minha existência e que algum tempo depois, registraram experiências e amadurecimentos. Depois disso, eu esparramei o perdão necessário e sugeri conter os ânimos, mas continuo vivendo livremente, sem nenhuma dor acumulada. 
Esta é uma gentileza que me faço, sem inibir meus passos. Aceito o meu perdão e recomendo mais cuidado, a mim mesma. Só assim sou capaz de retirar os fantasmas, que me serviram pra meter medo. 
Concedo o perdão pelos deslizes do pouco amor que não cumpriu muito bem o seu papel e lastimavelmente acabou. 
Também sou capaz de superar, retomando o percurso da vida pelo perdão. Hoje tanto o perdão, quanto os motivos que me levaram a gritar por ele, são os clássicos sintomas de todas as minhas aprendizagens. 
Facilito o meu desencanto pela obediência do perdão e continuo invocando-o por causa do meu estreito pensamento que me endureceu a alma. Perdão por isso também. Na verdade, eu também uso o perdão para me livrar do peso das coisas boas que não fui capaz de oferecer. Eu me perdoo e aprendo também. Perdoo-me pelos propósitos corretos que não tive a coragem de partilhar. 
Perdoo os meus acertos solitários porque fui egoísta e com isso atropelei outras pessoas no percurso. Teria sido mais correto convidar mais pessoas para esta parada e comemorar em conjunto as vitórias. Perdoo-me porque elas foram somente minhas.
Sem retardar meus sonhos e antecipando o meu futuro eu me perdoo pelos erros que irei cometer. Prometo errar infinitamente menos que errei, para não ter que invocar de novo e abusar do perdão.

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