Juntei as cores, uma a uma, roubadas de sonhos infantis.
Pra que os outros não teimassem em roubá-las de seu destinatário, escondi sobre uma densa camada de açúcar. Chamei de jujubas.
Pra  que elas ficassem bem acomodadas, tirei um vício do bolso e pintei com  cheiro de bom dia. Sentaram umas sobre as outras em uma aquarela doce.
Prometi  dar um teto estrelado, pras cores não ficarem deprimidas no claustro  provisório. Peguei um par de asas novinhas e fui catar estrelas. Queimei  as pontas dos dedos, mas nada que um ou dois sopros sorridentes não  curem.
O toque final seria uma película transparente de intenções e uma fita bonita.
Estava pronto o presente.
Estava  treinando uma nova mágica: fazer rodas gigantes não parecerem tão  assustadoras, e devolver sonhos à alguém, pra que lembrasse como voar.
Régis Falcão







