terça-feira, 29 de maio de 2012

Flor de ir embora.



E deste modo tenho levado a vida: um pouco a sério e um pouco de brincadeira, entre um sorriso e um suspiro. Às vezes rio e às vezes choro, às vezes brigo e às vezes deixo estar, às vezes quero e às vezes desisto, às vezes sou forte e grande de um tamanho maior do que todas as coisas e às vezes sou tão pequenina que nem chego a ser do tamanho de um botão. Tal é o movimento que a vida faz, um paradoxo que não se acaba e persiste. E quando já se achava que era possível descansar e ficar em silêncio, lá vêm desafios novos e outras possibilidades, coisas desconhecidas e mais desbravamentos. Gosto disso. Assusta, sim – não digo que não. Mas gosto, aprendi a gostar. Sei hoje que é possível encontrar felicidade até mesmo na dor e no susto (e ah!, são estas às vezes as mais bonitas alegrias), então me aventuro sem muitos temores, e se a vida pede que me lance, não meço a altura do tombo. Que me traga a vida todas as cores e sabores e sentires desconhecidos, o que houver para vir que venha, eu – de braços abertos. Aqui espero, em silêncio ou cantando as dores e as alegrias caso a alma peça por um pouco de cantoria. Acolho, aceito e saboreio, com toda cautela nascida de muito amor e muita vontade sinto o gosto, o cheiro, o toque; conheço, intimo, recolho e deixo que passe a existir dentro de mim – esta é a parte mais bonita, quando então vira vida, transforma-me, revoluciona e eu evoluo. Cresço um bocado, descubro coisas sem conta, padeço se houver que padecer porque às vezes é mesmo preciso. Seja como for, é semente que brota e floresce, embelezando. Em mim, o mundo. De mim, para mim, o mundo. Como dizia a canção: ‘flor de ir embora, eu vou / agora esse mundo é meu’.

"Bicho solto"

Um comentário:

Guilherme Antunes disse...

(...) antes, perdia mais do seu precioso tempo nesta terra tentando consertar as coisas do que chutando o balde. Daí aprendeu que, ao chutar o pau da barraca não lhe doía o pé, tampouco a consciência. Hoje, sai pra comemorar sua vida até no dia do índio, do bombeiro e do motorista de trio elético. Deixou de comer toda sorte de porcarias, inclusive pessoas. Passava assim, a comer apenas o recheio do bolo, do mesmo jeito que extraia apenas o doce da vida.