Você me olha como se eu fosse a mulher mais linda do mundo. E, porque
você me olha, eu sou. Nunca ninguém me olhou como você, eu digo. Você é
que não percebe como os homens te olham, você responde. Minha primeira
reação é refutar tua hipótese, mas tenho que admitir que ela faz
sentido. Não reparo, mesmo, os olhares do outro. Escondo-me, arredia,
temerosa. Medo de quê? Do que eu provoco no outro ou do que posso
provocar em mim mesma? Ambos, talvez. Medo do descontrole. Descontrole é
o que sinto quando você me olha com teus olhos de precipício, teus
olhos de comer fotografia, teus olhos que enxergam quem eu sou quando
sobrepujo o medo de não saber quem eu sou. Nesses momentos, sou menina,
mulher, tímida, expansiva, voraz, contida, sou as duas faces da mesma
moeda, sou todas as moedas do mundo. Sou tudo aquilo e nada disso quando
você me olha com aquele olhar jocoso que me arranca um sorriso
involuntário todas as vezes em que me despe. E nem precisa me despir,
quando nos conhecemos eu estava vestida da cabeça aos pés, bota, calça
comprida, casaco, cachecol, cabelo preso, não queria seduzir, queria me
esconder, queria correr, e corri, e ainda corro, mas teus olhos sempre
me alcançam, uma, duas, quarenta e três, cem, mil vezes você vai me
pegar, e me despir, e eu vou fugir, e fingir, mas vou esperar, e vou
gostar. Vou ser a mulher sensual, a neurótica chata, a menina boba, vou
ser aquelas que sei, muitas que ainda não conheço e todas que você
inventar com o seu olhar. Porque o que ele me diz, e é só o que preciso
saber, é que posso ser qualquer uma - desde que seja tua. E eu sou.
terça-feira, 20 de novembro de 2012
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
É isso!!!!
"Sorrir com os olhos, falar pelos cotovelos, meter os pés pelas mãos. Em mim, a anatomia não faz o menor sentido. Sou do tipo que lê um toque, que observa com o coração e caminha com os pés da imaginação. Multiplico
meus cinco sentidos por milhares e me proponho a descobrir todos os
dias novas formas de sentir. Quero o cheiro da felicidade, o gosto da
saudade, o olhar do novo, a voz da razão e o toque da ternura. Luto
contra o óbvio, porque sei que dentro de mim há um infinito de
possibilidades e embora sentimentos ruins também transitem por aqui, sei
que devo conduzi-los com a força do pensamento até a porta de saída.
Decidi não delegar função para cada coisa que eu quero. Nem definir o
lugar adequado para tudo de bom que eu sinto. Nossos sentimentos são
seres vivos e decidem sem nos consultar. A prova de que na vida, rótulos
são dispensáveis e sentimentos inclassificáveis."
Roda vida, roda!
“A vida muitas vezes
parece girar em círculos só pra mostrar que independente da volta, o
caminho sempre começa e termina em você mesmo.”
sobre os pedaços
"Igualzinho ao que acontece com todas as pessoas,
num trecho ou outro da estrada,
eu já senti tanta dor que parecia que
os golpes haviam me quebrado toda por dentro.
Não sabia se era possível juntar os pedaços,
por onde começar, nem se o cansaço me permitiria
movimentos na direção de qualquer tentativa.
Quando o susto é grande e dói assim,
a gente precisa de algum tempo
para recuperar o fôlego outra vez.
Para voltar a caminhar sem contrair
tanto os ombros e a vida.
Um espaço para a gente quase se reinventar.
O tempo passa. O fôlego retorna.
Parece milagre, mas as sementes
de cura começam a florescer nos mesmos
jardins onde parecia que
nenhuma outra flor brotaria.
A alma é sábia: enquanto achamos
que só existe dor, ela trabalha, em silêncio,
para tecer o momento novo.
E ele chega."
domingo, 4 de novembro de 2012
Da morte que faz viver
Ainda estou viva, mas já morri
muitas vezes. Morro a cada vez que o amor morre, e, por mais que eu lute, ele
está sempre morrendo dentro de mim. A cada morte, o mesmo ritual: o enterro bem
no fundo do peito, e começo a construir muros e torres com palavras ao redor do
coração para que ele não volte. Mas ele sempre volta. Por mais que eu pense,
por mais que eu fale, por mais que eu articule. Por mais que eu envelheça,
inteligente e culta, acreditando-me superior à ingenuidade do amor, ele sempre
volta.
Há vezes em que volta destruindo
tudo, uma avalanche de palavras outras, do outro, que se enfiam no meio das
minhas e arrancam sangue com cada letra separada. Em outros momentos, o amor
chega como uma brisa silenciosa e persistente, infiltrando-se nos pequeninos
espaços entre uma letra e outra, e quando dou por mim ele embaralhou-as todas,
e já não sei mais o que estou dizendo. Porque é essa a maior arma do amor: ele
me faz renascer em novas palavras inventadas a dois, palavras doces, palavras
vorazes, palavras belas, ou até mesmo palavras cruéis, não importa. Podem até
ser palavras feitas de silêncios, desenhos ou números. Sua força não está no
conteúdo, mas no modo como, ao escrevê-las, elas se inscrevem em mim.
Quando sinto aquelas novas
palavras tatuadas na pele e na alma, já sei: estou prestes a morrer mais uma
vez.
Do ótimo Confraria dos Trouxas
Cuidado, Frágil.
O que mais me encanta no ser humano é quando ele consegue enxergar suas próprias fraquezas.
Diariamente somos testados por nossos medos, nossas fragilidades, nossas
incertezas. Vivemos rodeados de gente que se busca, que se perde, que
não se entende. Mas sente. De alguma forma as pessoas aprenderam a
sentir. Algumas numa intensidade tamanha; outras a sua maneira. Rasa.
Mas sentem. E isso já é lindo.
Hoje, eu consigo enxergar a vida de uma forma diferente da que eu tinha
ontem. E que felicidade reconhecer isso. Que alegria saber que eu posso
mudar do dia para a noite. Ou o reverso disso. A ordem dos fatores é só
um detalhe. O que vale mesmo é ouvir-se no meio deste turbilhão que
trazemos dentro.
Temos uma fome insaciável de felicidade. Queremos tudo ao mesmo tempo.
Queremos amar e ser amados. Queremos sorrir e ficamos felizes quando
somos retribuídos. Nós queremos, buscamos, corremos. E o que somos nisso
tudo?
Penso que somos as sementes do que lemos, das experiências que tivemos,
do que a gente aprendeu na escola da vida. E como aprendemos. Todos os
dias. Somos referências para alguns e temos outros como a nossa.
Queremos ser eles, quando crescermos.
O tempo passou e cá estamos nós. Sós. Querendo carinho, querendo um
afago, um abraço sincero. Um abraço de urso. Somos humanos. Podemos ser
sorrisos e lágrimas em uma mesma nota. Somos equilibristas no trapézio
da vida. Somos. Tanto. Tantos.
E sem querer agimos por impulso. Falhamos. Decepcionamos. E nos
decepcionam também. E a gente tem que aprender a lidar, a driblar, a
viver. A fraqueza que eu comentei logo no início, é daquela parte da
gente que pouco fala, que pouco é ouvida. Daquela parte que, na nossa
pressa, deixamos de lado. Deixamos para depois. Para um dia desses, quem
sabe. Se der tempo.
Por isso, é que todos os dias eu tento me entender. E me perdoar. E me
amar, mesmo com as fraquezas que tenho. Eu me aceitei assim. Imperfeita.
Impura. Frágil. Humana. Na essência do sentimento. E da palavra que ela
quer dizer.
Falo emprestando palavras.......
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sexta-feira, 2 de novembro de 2012
Propuesta
Te propongo esta noche
llegar a un acuerdo,
un diálogo entre mi cuerpo y tu cuerpo
una conversación sin palabras,
un silencio de proyectos,
que tus dedos interpreten
el lenguaje de mis dedos.
Te propongo, simplemente,
alargar la caricia,
no planear la llegada a la cima
sino navegar con el remo de mis brazos
no utilizar para nada el salvavidas
ni que el tiempo detenga la mirada
dirigida a los botones de tu camisa.
Te propongo un pacto de susurros,
una tertulia de gemidos,
un monólogo de gritos,
que todo lo que no dijimos
en la piel permanezca escrito.
Te propongo una noche interminable,
lenta, muy lenta, tan lenta
que cuando nos interrogue la mañana
no sepamos quiénes somos
ni hacia dónde vamos,
como si aprendiéramos de nuevo a leer
igual que dos niños pequeños,
como si aprendiéramos de nuevo a escribir
sobre el pálido folio de nuestro cuerpo.
Te propongo una lectura corpórea
desde el prólogo de tus ojos
hasta el epílogo de mi boca.
llegar a un acuerdo,
un diálogo entre mi cuerpo y tu cuerpo
una conversación sin palabras,
un silencio de proyectos,
que tus dedos interpreten
el lenguaje de mis dedos.
Te propongo, simplemente,
alargar la caricia,
no planear la llegada a la cima
sino navegar con el remo de mis brazos
no utilizar para nada el salvavidas
ni que el tiempo detenga la mirada
dirigida a los botones de tu camisa.
Te propongo un pacto de susurros,
una tertulia de gemidos,
un monólogo de gritos,
que todo lo que no dijimos
en la piel permanezca escrito.
Te propongo una noche interminable,
lenta, muy lenta, tan lenta
que cuando nos interrogue la mañana
no sepamos quiénes somos
ni hacia dónde vamos,
como si aprendiéramos de nuevo a leer
igual que dos niños pequeños,
como si aprendiéramos de nuevo a escribir
sobre el pálido folio de nuestro cuerpo.
Te propongo una lectura corpórea
desde el prólogo de tus ojos
hasta el epílogo de mi boca.
Gloria Bosch
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